Em abril, comemora-se o Dia Internacional da Terra, mas seus habitantes estão consumindo mais recursos naturais do que o Planeta é capaz de renovar
CLARISSE WERNECK
AGÊNCIA UNIPRESS INTERNACIONAL
Dia 22 de abril é o Dia Mundial da Terra; no entanto, os habitantes do “planeta azul” não têm muito o que comemorar: florestas destruídas, poluição e desperdício de água, contaminação do ar, alterações na biodiversidade, entre outras agressões, são o legado que o homem está deixando para as gerações futuras.
Um estudo realizado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), envolvendo mais de mil cientistas de 60 países, sobre as regiões polares do planeta, acaba de lançar um alerta: a Antártida está derretendo em um ritmo mais rápido do que se imaginava. Polo Sul, Polo Norte e Groenlândia também estão sofrendo com o degelo.
A consequência direta do fenômeno é a elevação dos oceanos em um ritmo mais rápido do que o previsto pelo Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ameaçando as populações costeiras. O derretimento pode também liberar gases que estavam presos no gelo polar e, assim, intensificar os problemas climáticos. Se o derretimento das calotas polares continuar nesse ritmo, toda a espécie de vida será afetada, principalmente os animais polares, que devem desaparecer. Também se perderão 97% dos recifes de corais (que ajudam a equilibrar a vida marinha), com isso muitas espécies de peixes serão extintas.
Desertificação
A desertificação, um processo em que o solo fica estéril, sem nutrientes, perdendo a capacidade de gerar qualquer tipo de planta, é outra ameaça. Sem as plantas, as chuvas vão ficando escassas e a terra se torna seca e árida, causando um grande desequilíbrio para o ecossistema local. Como a sobrevivência nesses lugares fica muito difícil, os agricultores e criadores de animais migram para outros lugares, como acontece no Nordeste brasileiro e na África.
De acordo com o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), cerca de 200 milhões de pessoas no mundo são hoje atingidas por secas causadas pela desertificação. Outros 900 milhões vivem em áreas que correm o risco de se transformar em deserto. Esse processo inutiliza cerca de 6 milhões de hectares (60.000 km2) por ano, gerando perdas econômicas em torno de US$ 4 bilhões. O custo para recuperar essas terras pode chegar a US$ 10 milhões. De acordo com dados da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, 69% das terras áridas do mundo estão degradadas.
A escassez de água, por sua vez, vai acentuar os danos ambientais nos próximos 12 anos. A redução do nível dos rios, a salinização dos estuários, o desaparecimento de peixes e plantas aquáticas e a poluição dos leitos tendem a aumentar até 2020. As consequências serão a iminente diminuição da quantidade de água potável disponível, a perda de terrenos propícios para a agricultura, a contaminação de alimentos agrícolas e de peixes, aumentando a fome e as doenças no homem e nos animais e a desertificação.
Desmatamento
O mundo perde cerca de 13 milhões de hectares de florestas naturais por ano (aproximadamente 25 hectares por minuto), causando um processo de extinção de espécies animais e vegetais. De acordo com a ONG ambientalista Greenpeace, menos de 10% da superfície terrestre permanecem com florestas.
Além de concentrar dois terços da diversidade biológica do planeta, as florestas regulam o clima. Acredita-se que 1,6 bilhão de pessoas no mundo dependam das matas para a sua sobrevivência direta.
O desmatamento contribui ainda para a elevação da temperatura na Terra (aquecimento global) e para o surgimento de novas epidemias. O motivo é que roedores e insetos deixam seu habitat natural e migram para as cidades, passando a conviver próximo ao homem.
Segundo alguns estudos científicos, esse aumento da temperatura é responsável por uma maior incidência de catástrofes naturais, como inundações e furacões de forte intensidade.
Para a ONG World Wildlife Fund (WWF), é possível salvar as florestas e reduzir significativamente a perda da biodiversidade. Para isso será preciso conter o desmatamento e aumentar os esforços de proteção e uso sustentável. Isso significa investimentos financeiros consideráveis por parte dos governos.
Também será necessário contrariar interesses econômicos poderosos que lucram com a destruição florestal.
Guerras: planeta é a maior vítima
Nenhuma atividade humana produz tanto impacto ambiental como as guerras. Desde a extração das matérias-primas para a indústria de armamentos até os resíduos atômicos, químicos e bacteriológicos deixados por eles, tudo que envolve o processo da guerra afeta de forma degradante o meio ambiente. O urânio, usado nas bombas, contamina solo, subsolo e rios com radioatividade, disseminando o câncer e outras doenças. Além disso, a terra é inutilizada para atividades produtivas com a implantação de minas, que ainda mutilam pessoas e animais.
AMAZÔNIA EM CHAMAS
Queimadas e desmatamento ameaçam maior floresta tropical do mundo
O desmatamento na Amazônia diminuiu 70% em um ano, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. Apesar disso, nos meses de dezembro de 2008 e janeiro e fevereiro de 2009, 754 km2 de floresta desapareceram, o que equivale à metade do município de São Paulo.
No que se refere à madeira para comercialização, a produção originada do desmatamento mantém-se sempre muito acima daquela que vem dos planos de manejo florestal. Foi o que concluiu um estudo feito pelo pesquisador Júlio César da Silva, sob orientação do professor Humberto Ângelo, do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB).
“Na serraria, a madeira vinda de áreas desmatadas custa 30% a 50% menos. Os compradores têm preferência pela madeira de preço menor, visando a lucros maiores”, diz Júlio César.
Além da extração de madeira, as queimadas são outro grave problema. Imagens captadas por satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que a Amazônia é a floresta que mais sofre queimadas no mundo. Essa prática é responsável pela emissão de gás carbônico, que destrói a camada de ozônio e é a principal causa do efeito estufa em níveis mundiais. No caso de incêndios na Amazônia, o primeiro estudo para medir a quantidade de monóxido (CO) e dióxido de carbono (CO2) liberados concluiu que cada hectare (10 mil metros quadrados) queimado corresponde a 69 toneladas de gases, especialmente CO2, jogados na atmosfera. O trabalho sobre a liberação dos gases foi realizado por pesquisadores brasileiros – da UnB, Inpe e Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) – e americanos, da Universidade de Washington.
“O problema é que, na Amazônia, os incêndios chegam a atingir 50 alqueires (um milhão e 210 mil metros quadrados de área)”, alerta Carlos Alberto Gurgel, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UnB e um dos autores da pesquisa. “Em casos como esse, uma única queimada pode produzir mais de oito mil toneladas de gás carbônico”, reitera. Para se ter uma idéia, toda a frota de carros da cidade de São Paulo produz cerca de cinco mil toneladas de CO2 por dia. Gurgel dá um exemplo da proporção desses incêndios: “Já se verificou fumaça original da Amazônia na fronteira do Paraná com o Paraguai.”
No contexto local, as queimadas destroem a fauna e a flora, empobrecem o solo, reduzem a penetração de água no subsolo e podem acarretar mortes, acidentes e perda de propriedades. Regionalmente, causam poluição atmosférica e prejudicam a saúde de milhões de pessoas, além de atrapalhar a aviação e os transportes terrestres e aquáticos. São também responsáveis pela alteração e até a destruição completa de ecossistemas. Em termos mundiais, os incêndios de florestas estão relacionados a modificações na composição química da atmosfera e do clima do planeta.
Fonte: Agência UnB e Ministério do Meio Ambiente
Ser humano pode ser extinto
O ser humano corre o risco de extinção. Até o ano de 2100, pelo menos 80% da humanidade terá desaparecido, já que a temperatura do planeta aumentará de tal forma que a maior parte das terras do mundo se tornará inabitável. A maioria das pessoas vai morrer de fome, pois, com altas temperaturas, falta de chuvas e água para a irrigação, será impossível cultivar alimentos e criar animais de abate. Essas são algumas das previsões do cientista inglês James Lovelock, autor da “Teoria de Gaia”.
As hipóteses levantadas pelo estudioso foram desenvolvidas nos anos 60, quando ele trabalhava para a Nasa (agência espacial americana). Já naquela época, Lovelock previa o aquecimento global, mas suas idéias foram combatidas pela sociedade científica. Hoje, no entanto, o aumento da temperatura no planeta é uma realidade e, por conta disso, muitas pessoas, cientistas e leigos passaram a dar crédito às previsões do inglês. Porém, suas teorias não são consenso, uma vez que só o tempo poderá prová-las ou não.
O cientista afirma que, no final do século XXI, a temperatura média nas regiões temperadas aumentará 8°C, nos trópicos, 5°C, e o clima já se tornará insuportável por volta do ano 2040. Somente no Ártico será tolerável a sobrevivência. Ocorrerão migrações em massa para as poucas áreas que ainda estarão habitáveis, o que pode ser motivo para novas guerras.
“Antes, as coberturas florestais do planeta tinham a função de regular o clima, mantendo a Terra com uma temperatura suportável, mas a maior parte dessas áreas, hoje, está ocupada pela agricultura e a criação de gado”, explica Lovelock.
A geografia do planeta também mudará, já que o aumento da temperatura causa o derretimento das calotas polares, aumentando o nível do mar. Com isso, a maioria das cidades costeiras deve desaparecer.
Conforme a “Teoria de Gaia”, o planeta comporta-se como se fosse um superorganismo vivo, composto por todos os seres, que, agindo em conjunto, formam um sistema complexo e ativo capaz de regular a composição atmosférica, o clima, a salinidade dos mares, enfim, as condições necessárias para que a vida continue.
No entanto, o homem quebrou esse equilíbrio, através da degradação ambiental. Outras formas de vida reagem às mudanças causadas pelo ser humano, acelerando ainda mais o processo de aquecimento. “O ritmo da mudança é assustador. Resta-nos muito pouco tempo para agir. Cada comunidade deve repensar como vem utilizando seus recursos e buscar as melhores formas para sustentar a população o máximo de tempo que puder”, diz.
Ilhas do pacífico estão desaparecendo
Ilhas paradisíacas do Pacífico Sul estão afundando. O arquipélago de Carteret, em Papua Nova Guiné, e Ilhas como Kiribati e Tuvalu devem desaparecer por completo nos próximos 40 ou 50 anos, segundo previsões científicas. Esses pequenos países ficam a apenas alguns centímetros acima do nível do mar, que tem se elevado na região a cerca de 0,17 cm por ano.
Marés altas provocam inundações frequentes com a água invadindo casas, espalhando lixo e areia pelas ruas, além de causar erosões no solo. Quando a maré volta ao normal, a terra fica salgada e a vegetação seca. As árvores estão caindo. O irônico é que esses lugares abrigam pescadores e artesãos que vivem da mesma maneira há séculos e pouco contribuem para a poluição do planeta e o aquecimento global. Seus governantes estão pedindo ajuda à comunidade internacional para evacuar a população.
Em Brisbane, na Austrália, já há uma comunidade kiribatiana com cerca de 60 refugiados. Dentre os tuvaluanos, 20% da população já deixou a ilha – a maioria foi para a Nova Zelândia. Porém, os dois maiores países da Oceania estão tomando medidas protecionistas para evitar a entrada dos insulanos. Por outro lado, os emigrantes enfrentam um grande desafio para se adaptar à nova vida, já que nos países de origem tudo o que eles precisavam saber era pescar e subir nos coqueiros. O índice de depressão entre os primeiros refugiados do aquecimento global é alto. Infelizmente, isso é só o começo: de acordo com a ONU, as mudanças climáticas devem gerar um bilhão de refugiados até 2050.
Saúde 31/03/2009
SAÚDE: TRISTE REALIDADE
Falta de infraestrutura e de médicos leva hospitais públicos do país ao caos
EDIR LIMA
AGÊNCIA UNIPRESS INTERNACIONAL
A cena tornou-se comum e representa a degradação do ser humano. É comovente e de causar indignação ver tanta gente doente e em estado grave não ter acesso a médico e hospital minimamente estruturado para atender a população. Choca. Para um país que se considera e é visto por muitos outros como emergente, que se gaba por ter uma economia estável, mesmo com milhões de desempregados vivendo abaixo do nível da miséria, é absurdamente incoerente assistir ao quadro caótico dos hospitais públicos no Brasil.
Sem contar com as doenças consideradas erradicadas no País, que voltaram a assustar a população, como rubéola, sarampo, febre amarela, além da epidemia de dengue, que, nos últimos anos, tem sido um verdadeiro pesadelo na época de verão.
No interior, a situação está anos-luz atrás do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, por exemplo, modelo e referência na América Latina. Justamente onde o vice-presidente José Alencar esteve internado recentemente para a retirada de um câncer no abdome. Ao sair, ele agradeceu publicamente a dedicação dos médicos e lamentou a falta de acesso de boa parte da população a hospitais considerados de Primeiro Mundo.
“Fico triste em saber que o povo brasileiro, em sua maioria, não tem acesso a essa estrutura médico-hospitalar que eu tive”, declarou Alencar.Um contraste com o que foi dito pelo presidente Lula no ano passado, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Empolgado com as instalações do Hospital Moacyr Rodrigues do Carmo, que acabara de inaugurar, comentou que o País vivia uma fase maravilhosa no setor de saúde, com os investimentos que o governo estaria fazendo no setor.
A declaração poderia valer para o que se investe em pesquisas, como no tratamento da Aids. Afinal, o Brasil é uma das referências no tema e, graças a isso, os soropositivos têm acesso a um tratamento de ponta. Fala-se em vacina contra o câncer, entre outras doenças que tanto acometem o povo, até mesmo as classes elitizadas.
Investir em pesquisas é um grande passo para beneficiar milhões de pessoas, mas isso não basta. A saúde pública é muito carente de recursos, a ponto de um simples atendimento médico ser essencial para salvar uma vida. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), atualmente mais de 400 municípios não contam com um único médico disponível à população. Essas cidades se concentram nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
A Fiocruz registra que, em 2007, havia um médico para cada 1,5 mil habitantes no estado do Maranhão, enquanto essa proporção era de um para 275 no Rio de Janeiro e de um para cerca de 400 habitantes em São Paulo. A pesquisa diz que a distribuição desigual dos médicos pelo País é consequência de outro problema: a concentração dos serviços de saúde e das escolas médicas em regiões economicamente mais favorecidas. Das cerca de 120 faculdades de medicina do País, no mesmo ano, 67% estavam nas regiões Sul e Sudeste, sendo que destas 75% localizavam-se nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Médico critica redução dos gastos no setor
Membro do Conselho Federal de Medicina e do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), Aloísio Tibiriçá Miranda comentou que o Sistema Único de Saúde (SUS) atende a 80% da população brasileira, aproximadamente 150 milhões de pessoas, e consome 45% do total de gastos com saúde no País. Segundo ele, o setor suplementar, representado pelos planos de saúde, tem 40 milhões de usuários, que correspondem a 20% da população e consomem 55% desses gastos.
“Os dados demonstram a necessidade de um financiamento melhor para o sistema público”, frisou.
De acordo com o médico, nos últimos 20 anos, a União diminuiu sua participação total nos gastos com a saúde de 75%, em 1980, para 49%, em 2005, enquanto que os municípios e estados saltaram de 25% para 51%.
Tibiriçá lembrou que, antes da criação do SUS, existia um sistema de saúde que atendia, no setor público, os pacientes que tinham direito aos Institutos de Assistência, que já haviam sido centralizados no antigo Inamps. Quem não tivesse direito e acesso a ele, tinha que ser atendido em outro sistema paralelo, que eram os sistemas públicos estaduais e municipais.
“O Sistema Único de Saúde, como o nome diz, unificou o acesso da população a tudo isso e, a partir de alguns princípios, como o da universalidade, tornou o sistema aberto a toda e qualquer pessoa, sem a necessidade de comprovação”, observou.
O SUS, enfatizou o médico, já no seu nascedouro, enfrentou uma realidade política e econômica adversa, que gerou o seu desfinanciamento progressivo, com a consequente falta de recursos, uma vez que a Constituição de 1988 previa que a verba para o SUS seria de 30% do orçamento da seguridade social.
“Esse percentual significaria atualmente, pelo menos, o dobro do orçamento atual do SUS. No entanto, com o tempo, foram encontrados artifícios legais para que o orçamento fosse diminuindo. Hoje, 20 anos depois, o SUS, já saindo da adolescência, ainda está em processo de afirmação, uma vez que ainda não conseguiu estabelecer regras adequadas e permanentes de financiamento”, analisou.
A falta de investimento no setor é lamentada por Tibiriçá. Segundo ele, o Brasil investe menos na saúde do que Colômbia, Venezuela, Argentina, Cuba e Uruguai, isso em se falando de America Latina.
“Para minimizar a situação, o Governo Federal criou a Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF), destinada especificamente ao custeio da saúde pública, da Previdência Social e do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, mas que acabou tendo a sua finalidade desvirtuada.”
Segundo o conselheiro, a constituição do SUS gerou ainda a possibilidade de um sistema complementar, que são as clínicas privadas conveniadas e remuneradas pela tabela do SUS.
“Principalmente, no interior do Brasil, as clínicas conveniadas são responsáveis pela maioria dos atendimentos do SUS. Elas são pagas pela tabela, que está completamente defasada, o que tem levado clínicas e hospitais conveniados a uma situação de sérias dificuldades e desassistência à população. Os valores pagos pela tabela não cobrem as despesas das unidades de saúde conveniadas”, explicou.
O médico disse ainda que, na assistência pública, o dia-a-dia tem mostrado os problemas decorrentes do baixo financiamento do sistema, como a sua não-expansão, a falta de reequipamento das unidades e a remuneração vergonhosa dos profissionais, o que gera dificuldades para a própria gestão do SUS.
“Sem dinheiro ninguém faz milagre. De qualquer forma, a gestão do Sistema Único de Saúde pode e deve ser mais competente. Sem uma gestão profissional, começam-se a criar mecanismos exóticos e heterodoxos para tentar fugir dos problemas. Daí surgiram as propostas de Organizações Sociais, de Fundações e de precarização do trabalho médico.”
Tibiriçá chamou a atenção para os impasses do SUS. Para ele, uma questão muito importante é a interferência política na implantação do sistema.
“Um sistema único, que deveria funcionar como rede, não resiste a comandos políticos, às vezes, antagônicos, nos municípios, estados e no próprio Governo Federal”, enfatizou.
Outro dado que chama a atenção é sobre a questão dos recursos humanos, que, de acordo com Tibiriçá, trata-se hoje de um problema para a viabilidade do SUS.
“O sistema público não tem conseguido uma aderência dos profissionais de forma permanente por causa da má remuneração e das precárias condições de trabalho. Se não houver solução da questão dos recursos humanos, o SUS não se viabiliza. É necessário criar um PCCS (Plano de Cargos, Carreiras e Salários) que estimule o médico e a adesão dos profissionais ao sistema”, argumentou.
O Sistema Único de Saúde foi gerado na 8ª Conferência Nacional de Saúde, que aconteceu em 1986, durante o processo de redemocratização do País e nas vésperas da realização da Constituinte de 1988. As resoluções de 1986 embasaram na Constituição as formulações do SUS, que foi regulamentado pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.
IMPUNIDADE: UM PROBLEMA BRASILEIRO
Processos que envolvem crimes no País chegam ao STF.
Muitos levam anos para ter a sentença definitiva
CARLOS ANTONIO
AGÊNCIA UNIPRESS INTERNACIONAL
A impunidade virou rotina no Brasil. E não são poucos os casos. No dia 20 de agosto de 2000, o jornalista Pimenta Neves, chefe de redação de um dos mais importantes jornais brasileiros, assassinou com dois tiros a sua ex-namorada, a também jornalista Sandra Gomide, 30 anos mais nova. O crime aconteceu no Haras Ibiúna, em São Paulo, e os tiros foram dados pelas costas, impossibilitando qualquer reação da vítima. Neves estava inconformado com a decisão de Sandra de acabar com o relacionamento e a vinha perseguindo com ameaças até concretizar o assassinato.
O criminoso, após seis meses em prisão especial, foi beneficiado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) determinando que ele aguardasse o julgamento em liberdade. Em maio de 2006, o jornalista foi julgado e condenado a 19 anos de prisão, mas foi mais uma vez beneficiado por uma decisão judicial. A ministra Maria Thereza de Assis Moura suspendeu a ordem de prisão contra o jornalista, expedida pela 10ª Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) em 13 de dezembro.
Parentes e amigos de Sandra Gomide manifestaram revolta e o pai da vítima, João Gomide, lamentou o comportamento da Justiça, premiando “um criminoso que destroçou a vida de uma família”.
Mortes como a do ex-prefeito de Campinas Celso Daniel; de Marcelus Gordilho, filho da ex-vereadora Regina Gordilho; e das vítimas de acidentes aéreos também entraram no rol de crimes impunes. Até agora, familiares dos passageiros que morreram nos acidentes da Gol, em 2006, e da TAM, em 2007, continuam esperando a punição dos culpados.
De acordo com dados oficiais, nos últimos 19 anos, 130 processos de crimes contra a administração pública foram parar no STF. Apenas seis foram julgados e os réus, absolvidos.
Sejam crimes contra a administração ou mesmo crimes comuns, as autoridades públicas têm a prerrogativa do foro privilegiado. Se um cidadão, por exemplo, responde a processo na Justiça comum, se for eleito deputado ou virar ministro de Estado, o julgamento passará automaticamente para o foro especial. Esse sistema criou duas classes de cidadãos. Pelo mesmo crime, uns são julgados em foros comuns e outros, em foros especiais.
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cézar Britto, a sensação de impunidade no País só vai desaparecer quando o Estado se fizer presente, fornecedor de saúde, educação e segurança para os cidadãos. Ele acha que isso será mais eficaz do que o endurecimento das penas. Britto admite que a população sofre com o clima geral de impunidade, não só em relação a crimes de violência imediata, mas também aos que causam danos ainda maiores, como os crimes de colarinho branco e de desvio de verbas públicas.
O presidente da OAB também é contra a redução da maioridade penal porque, segundo ele, não seria a solução.
“Não é isso que vai resolver o problema ou mudar a realidade brasileira. Temos quer exigir um Estado muito mais participativo. A polícia não tem que subir morro. Ela tem que estar no morro, lá dentro. O Estado tem que estar lá, como está presente nos melhores bairros do Brasil. A violência é muito mais sinônimo da ausência do Estado do que fruto da ausência de uma legislação penal mais eficiente.”
ONU também critica
Depois de passar 11 dias no Brasil, o relator da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Execuções Extrajudiciais, Sumárias ou Arbitrárias, Philip Alston, divulgou um relatório sobre a violência praticada no Brasil. O documento aponta altas taxas de homicídio, assassinatos cometidos por policiais, milícias e grupos de extermínio, falhas no sistema jurídico – que geram impunidade – e violência nos presídios.
As principais críticas do representante da ONU foram em relação a assassinatos cometidos por policiais, “que na maioria das vezes não são computados nas estatísticas sociais e raramente são investigados pelas polícias”. Segundo Alston, o problema começa desde as más condições de trabalho dos policiais, que para complementarem os salários entram em milícias, até as falhas do sistema judicial brasileiro.
Decisão polêmica
Para os grupos sociais que acham que a Justiça brasileira é branda demais com os criminosos, uma decisão do STF, divulgada em fevereiro, aumentou a polêmica. Segundo o Supremo, só após o julgamento de todos os recursos possíveis e imagináveis é que se poderá levar alguém à prisão. De acordo com os juristas, isso coloca por terra todo o trabalho das instâncias inferiores em matéria criminal.
A contar de hoje, as decisões de juízes singulares, tribunais de júri e de juízes togados são apenas burocráticas, uma vez que nenhuma delas poderá conduzir um criminoso, ainda que confesso, à prisão.
Jornalistas assassinados
Ranking da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) mostra que o Brasil apareceu em terceiro lugar entre os países do continente com maior número de assassinatos de jornalistas entre outubro de 1988 e julho de 2004. Com 24 profissionais mortos, o País só ficou atrás do México, com 39, e da Colômbia, disparada na frente, com 107 crimes impunes.
As estatísticas foram produzidas pelo Projeto Crimes Impunes Contra Jornalistas, da SIP. A entidade apenas considera os assassinatos que têm relação com o exercício da profissão.
Sediada em Miami (EUA), a Sociedade Interamericana de Imprensa iniciou o projeto investigativo em 1995. Desde janeiro de 2000, a SIP criou a Unidade de Resposta Rápida, projeto que investiga novos casos de assassinatos contra jornalistas com a premissa de determinar se os crimes têm realmente relação com a profissão.
O objetivo, de acordo com a entidade, é exercer pressão para que se esclareçam os crimes e dissuadir novos atentados à categoria.
Recentemente, em um anúncio publicado em mais de 350 jornais do continente, a SIP ressaltou que o assassinato de jornalistas e a impunidade dos agressores restringem gravemente a liberdade de expressão e o direito do público à informação.
Veja o ranking:
Colômbia — 107
México — 39
Brasil — 24
Guatemala — 21
Peru — 21
El Salvador — 17
Haiti — 9
Estados Unidos — 7
Venezuela — 6
Paraguai — 4
Costa Rica — 2
Chile — 2
Equador — 2
Argentina — 2
Bolívia — 2
Nicarágua — 1
Honduras — 1
Canadá — 1
Uruguai — 1
ESPORTE
Vitória recebe o Vasco e precisa fazer 5 gols
Nervosismo, cobrança excessiva, problemas de desmotivação, além do medo de desapontar aqueles que apostam no seu trabalho. O quadro clínico citado acima, muito provavelmente, seria o diagnóstico do Vitória, caso o rubro-negro baiano estivesse recostado no divã de algum psicólogo, no dia do reencontro com o Vasco da Gama.
As duas equipes fazem nesta quarta-feria, 20, no Barradão, às 21h50, a segunda perna das quartas de final da Copa do Brasil. No primeiro confronto – dia do aniversário do Leão – o Vasco aplicou 4 a 0 no Vitória. Agora, para se classificar no tempo normal, o time de Carpegiani precisará de no mínimo cinco gols para ficar com a vaga.
Para bater a equipe carioca pelo elástico placar – no Brasileirão do ano passado, o Vitória goleou, em casa, o Vasco por 5 a 0 – a equipe rubro-negra precisará, além de jogar muito futebol, de auto-controle para não se deixar abater pela dificuldade que se apresenta.
20/05/2009 08:56 - Atualizada em
Petkovic está de volta ao Flamengo e já se apresenta na segunda-feira
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Aos 36 anos, Petkovic está de volta ao Flamengo. Após uma longa reunião com o presidente interino, Delair Dumbrosck, na noite desta terça-feira na Gávea, a negociação foi fechada para um contrato até maio de 2010, e o meia sérvio será apresentado na próxima segunda-feira, às 16h, como mais um reforço para a disputa do Campeonato Brasileiro.
- Fizemos um acordo favorável para as duas partes, mas não vamos divulgá-los. O Pet me disse que está concentrado e que quer buscar o tetra carioca – revelou o presidente.
Petkovic, que foi o autor do gol do quarto tri do Carioca (99/00/01) sobre o Vasco, disse mais cedo na Gávea a um torcedor que está em busca do seu primeiro título brasileiro, e que nada melhor do que ser pelo Flamengo.
Após a reunião, o presidente rubro-negro explicou também que o acordo vai permitir que o clube respire financeiramente, pois parte da dívida com Petkovic vinha sendo paga com penhoras das rendas, e isso tem sido um grande entrave financeiro para o clube.
Nos últimos meses, 70% do que o Flamengo arrecava ia para pagamentos de penhoras. Agora, esse número cai para 20%, já que 15% não serão mais cobrados pela dívida com Pet, além de 35% de uma empresa de segurança com que o clube também entrou em acordo, após 12 anos, segundo informou Delair Dumbrosck.
O presidente disse que os salários do jogador não fazem parte do acordo. Petkovic vai receber normalmente, assim como o restante do elenco. Os valores não foram divulgados.
Guarani derrota o Campinense e é o novo primeiro colocado da Série B
O Guarani é o novo líder da Série B. Jogando na Paraíba, o Bugre venceu o Campinense por 2 a 1 nesta terça-feira, manteve os 100% de aproveitamento e será o primeiro colocado da competição nacional pelo menos até sábado, quando poderá ser novamente ultrapassado por causa do saldo de gols. O time da casa, por outro lado, chegou a sua terceira derrota e ocupa o antepenúltimo lugar.
As duas equipes buscaram o ataque desde o início do jogo, criando boas oportunidades. O primeiro gol só saiu aos 38 minutos do primeiro tempo. Caíque completou cruzamento de Maranhão e abriu o placar para o Guarani.
- O Maranhão fez uma grande jogada e eu consegui fazer o gol – comemorou Caíque, que chegou a três gols na competição.
O time visitante não demorou a ampliar no segundo tempo. Logo aos seis minutos, Maranhão foi agarrado na área por Almir e o árbitro marcou o pênalti. Na cobrança, Ricardo Xavier cobrou com categoria no canto esquerdo de Fabiano, que pulou para o outro lado.
O Campinense partiu para cima e conseguiu diminuir aos 20 minutos. Depois da cobrança de escanteio de Juliano, Thiago Saletti cabeceou na primeira trave e o goleiro Douglas não conseguiu a defesa. O Bugre, porém conseguiu segurar o resultado no estádio Amigão.
20/05/2009 08:49 - Atualizada em
Obina não perde a confiança: ‘Não vou ficar o ano inteiro sem fazer gol’
A escalação de Obina ainda nem está confirmada, mas o atacante exibe a confiança para finalmente dar um ponto final na má fase que o acompanha em 2009, na partida contra o Internacional, nesta quarta-feira, às 21h50m, no Beira-Rio, pelas quartas de final da Copa do Brasil. Na dependência da liberação ou não de Emerson para saber se será titular, o camisa 18 admite a situação complicada que vive, mas mantém o otimismo.
- Não vou ficar o ano inteiro sem fazer gol. Uma hora a bola vai entrar. Sei que minha situação é mais difícil que a do time. Vou tentar melhorar para as coisas voltarem a ser como antes.
Excluído da relação de jogadores que enfrentaram o Avaí pelo Brasileirão no último fim de semana, Obina reconhece que os trabalhos físicos podem fazer a diferença a seu favor.
- Para mim esse tempo treinando foi fundamental. Estava precisando melhorar a forma física para ter mais fôlego.
O retrospecto contra o Colorado pesa a favor do jogador, que já marcou três vezes nos gaúchos em Porto Alegre.
- Graças a Deus sempre fiz gols no Inter. Sei da qualidade dos zagueiros deles, mas vou tentar fazer tudo certo e ajudar o Flamengo a conquistar a vitória.
Em 16 partidas na temporada, Obina ainda não balançou as redes.
20/05/2009 08:48 - Atualizada em
Com um gol no fim, Coritiba vence a Ponte Preta e se garante nas semifinais
O jogo foi ruim, a torcida do Coritiba presente no Couto Pereira reclamou, mas no fim saiu em festa. O Coxa bateu a Ponte Preta por 1 a 0, no jogo de volta das quartas de final da Copa do Brasil, e se garantiu nas semifinais da competição, já que no duelo de ida as equipes empataram por 2 a 2. O gol da vitória foi marcado por Ariel, nos últimos minutos da partida.
Com o resultado, o Coritiba igualou seu melhor resultado na competição. Em 1991 e em 2001, o Coxa também disputou as semifinais do torneio, mas em ambas foi eliminado pelo Grêmio. Este ano, o clube comemora o seu centenário e espera disputar a final pela primeira vez.
Nas semifinais, o Coritiba vai encarar o vencedor da partida entre Flamengo e Internacional. As duas equipes se enfrentam nesta quarta-feira pelo jogo de volta. No duelo de ida, empate por 0 a 0 no Rio.
19/05/2009 16:53 - Atualizada em
Neto Baiano promete marcar três gols no Vasco
Com apenas 26 anos, Neto Baiano já tem 15 clubes no currículo e pode até se considerar um cigano da bola. Jogou até no Vietnã e na Coréia do Sul. Mas só foi estourar agora no Vitória. O atacante, que já marcou 21 gols nesta temporada e divide com Diego Tardelli, do Atlético-MG, a liderança do Prêmio Friedenreich - que vai premiar o maior goleador da temporada -, não tem receio de falar o motivo da reviravolta na carreira.
- Antigamente eu era um jogador que vivia na noite, que vivia bebendo. Isso me atrapalhou.
A mudança veio quando Neto Baiano abraçou uma religião. Atualmente, ele está na lista dos atacantes mais cobiçados do futebol brasileiro. O contrato com o Vitória vai até o fim da temporada.
- Estive recentemente no Palmeiras e no Atlético-PR. Passei também pelo Internacional. Acho que não estourei porque o meu extracampo me prejudicou bastante. Graças a Deus acordei para a vida e estou recebendo muita força aqui no Vitória. No ano passado deixei de sair e fiz um grande Paulista e no segundo semestre apesar de não ter ido muito bem ajudei quase a Ponte Preta subir para a Primeira Divisão. Tudo mudou.
Nesta quarta-feira, o atacante é a maior esperança do Vitória, que precisa de quase um milagre contra o Vasco nas quartas de final da Copa do Brasil. Como o time carioca venceu a primeira partida por 4 a 0, em São Januário, os baianos precisam ganhar por cinco gols de diferença para se classificar sem a disputa por pênaltis. Mas o desafio inspira Neto Baiano, que já prometeu dar muitas alegrias ao torcedor que comparecer ao Barradão.
- Espero fazer uns três gols no Vasco. Nunca marquei contra o Vasco, mas espero marcar agora. O time precisa disso. Aqui no Vitória a gente acredita que vai se classificar. Não sou de mentir, não faz parte da minha índole. Todos acreditam.
Torcida do Fluminense promete pegar no pé de Ronaldo, afirma jornal
Ronaldo disse em entrevista ao jornal "O Globo" de domingo que está achando um barato amigos seus tricolores torcerem por ele e pelo time do coração ao mesmo tempo. Ele, porém, se engana - e seria por demais ingênuo - se acha que nesta quarta-feira a torcida do Fluminense vai poupá-lo na partida contra o seu Corinthians. De acordo com a coluna "Gente Boa", do mesmo jornal, organizadas do Tricolor das Laranjeiras já preparam muitas provocações ao Fenômeno.
Uma das músicas que serão cantadas no Maracanã, diz a coluna, é uma paródia da marchinha de carnaval "Me Dá um Dinheiro Aí", de Ivan Ferreira: "Ei, você aí, avisa pra Fiel que o Ronaldo é travesti". Apesar da rivalidade com o Tricolor, torcedores do Flamengo também prometem provocar o atacante do Corinthians, por ele ter treinado na Gávea durante a sua recuperação da operação no joelho esquerdo no ano passado, mas ter preferido jogar no time paulista.
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